A Tradição Solar e o Surya Namaskara


As origens do Surya Namaskara remontam às épocas mais antigas da história, quando os humanos se conscientizam da existência de um poder espiritual dentro de si e que ele se refletia no universo material. Essa conscientização é o alicerce do yoga. Surya Namaskara, cujo significado é "saudação ao sol", pode ser interpretado como uma forma de veneração ao sol e a tudo que ele representa nos níveis micro e macrocósmicos. Considerando isto em termos do yoga, entende-se que o surya namaskara desperta os aspectos solares da natureza do indivíduo e libera esta energia vital em prol do desenvolvimento da consciência superior. Isto pode ser alcançado através da prática do surya namaskara cada manhã. Além disso, a prática é uma ótima maneira de expressar homenagem à fonte da criação e da vida, dando continuidade, assim, à tradição solar.



A Veneração do sol e a tradição Védica

A adoração e veneração do sol foram as primeiras e mais naturais formas de expressão interna. A maioria das tradições antigas incluíam alguma forma de veneração do sol e incorporavam vários símbolos e deidades solares, mas não há exemplo de outro lugar onde estas tradições foram tão bem preservadas quanto na cultura dos Vedas. De fato, a veneração do sol é praticada ainda hoje como ritual diário em muitas partes da Índia.
Na antiga Índia, o grande avatar Rama tornou-se  rei da  raça solar na história épica Ramayama. As raízes da atual cultura Hindu se encontram nas antigas escrituras dos Vedas, que contêm numerosos slokas que se referem ao sol. O próprio Rig Veda contém muitas destas referência, como essa:


Meditamos na adorável glória do sol radiante.
Que Ele inspire nossa inteligência.



Esculturas do templo do sol, Índia.


O Suryopanishad diz que aqueles que veneram o sol como Brahman se tornam poderosos, ativos, inteligentes e adquirem longevidade. O sol é personificado como brilhante feito de ouro, tendo quatro braços, sentado sobre um lótus vermelho e montado numa carruagem puxada por quatro cavalos. É ele que põe as rodas do tempo em movimento, e é dele que emergem os cinco elementos físicos, ou seja, terra, água, fogo, ar e éter, junto aos cinco sentidos. O Akshyopanishad  identifica Surya com purusha, aquele que assume a forma do sol irradiando milhares de raios e que brilha para o bem da humanidades. Há um verso no Brihadaranyaka Upanishad que diz:

Ó Senhor e essência da luz,
Guie-me do irreal ao real,
Da escuridão à luz,
Da morte à imortalidade.


Templo do sol, Índia.


Existem hoje várias seitas de veneradores do sol. Alguns veneram o sol nascente, outros o sol poente, enquanto há alguns que veneram o sol do meio-dia. Embora pareça que essas pessoas veneram o sol físico, o verdadeiro objeto da sua veneração é Brahman, o absoluto, e sua manifestação como criador, preservador e destruidor, da qual o sol é apenas um símbolo.
Há muitos templos antigos erigidos ao sol existentes hoje na Índia. Alguns remontam ao século oitavo e são maravilhas arquitetônicas. O mais famoso destes foi erguido em Konark, Orissa, durante o século 13. Os outros principais templos erigidos ao sol estão localizados em Kashmira, Gujarat e Andhra Pradesh.



Trecho retirado do livro " Surya Namaskara - Uma Técnica de Vitalização Solar", Swami Satyananda Saraswati.

Fotos: Viviane Gimenez


Comentários

Postagens mais visitadas